segunda-feira, 19 de março de 2012

O ESPIÃO QUE SABIA DEMAIS - Jogo do faz de conta

Antes de começar a resenha, um pouco de história contemporânea: Nas décadas de 60 e 70, o conflito entre as potências Ocidentais e Orientais chegaram ao seu ponto máximo. A chamada Guerra Fria, foi um embate sem armas entre EUA e Reino Unido (principalmente) e a extinta União Soviética. Um tiro sequer foi disparado, já que a estratégia adotada por ambos os lados foi dividida em duas frentes: Uma, a de impressionar o oponente pela opulência (corrida armamentista) e a outra a de investir firmemente na espionagem e contra espionagem. O filme, baseado no best-seller escrito pelo famoso ex-espião John Le Carré, enfoca situações vividas por ele naquela época. O Roteiro, adaptado por Peter Straughan (de “Os Homens que Encaravam Cabras” - ótimo filme!), embora muito complexo e subjetivo, é perfeito e não se perde em uma vírgula sequer. É o bastante para que o Diretor, o sueco Thomas Alfredson (de “Deixe Ela Entrar”) possa conduzir o longa de forma clássica, porém marcante. Ele optou por não seguir na mesma trilha de alguns bons filmes de espionagem (séries 007 e Missão Impossível, por exemplo), abrindo mão da ação e centrando o foco na introspecção e no raciocínio (no estilo de “Treze Dias Que Abalaram o Mundo”). Ao contar a história vivida por agentes do Circus, serviço de inteligência britânico, o diretor mergulha pra valer no teatro de dissimulações que delineava o cotidiano e as ações impetradas por eles naqueles tempos, com o objetivo de confundir e ludibriar o adversário. Na trama, a agencia passa por transformações em seu corpo técnico, a partir do fracasso da missão enviada à Hungria, em 1973, com o objetivo de investigar a possível existência de um agente duplo. A dissimulação começa aí. Justamente um dos agentes afastados, Gary Oldman (ótimo, como sempre) é escalado para descobrir o traidor, aquele que estaria passando informações para os soviéticos. A partir daí é só prestar muita atenção em cada detalhe do filme, para não perder o fio da meada e poder presenciar um final absolutamente surpreendente e sensacional. Não dá para deixar de mencionar, outro ponto forte do longa, as atuações de alguns atores. Além de Oldman (que concorreu ao Oscar de Melhor Ator pelo papel), destaques para o velho e bom John Hurt, como chefão da agência, Tom Hardy (de “A Origem”), Collin Firth (vencedor do Oscar de Melhor Ator no ano passado), Benedict Cumberbatch (de “O Senhor dos Anéis”), Mark Strong (do primeiro “Sherlock Holmes”) e o baixinho feioso (e espetacular) Toby Jones (de “O Homem Elefante”). Produção caprichada, fotografia de primeira e enredo fabuloso. É um filme definitivo, desses que se pode ver mais de uma vez.

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