segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
Match Point
Um Woody Allen diferente de tudo o que você já viu, mas igualmente bom. Fotografia excelente, como sempre. Direção de atores idem. Como se não bastasse, ainda tem a gostosa da Scarlet Johanson. Filmaço!
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
"leon"
zé(meninada, eu falo zé porque vocês são uma merda, ninguém dà as caras):
sei que já falei de "o profissional", sou apaixonado, mas é que tenho um amigo que
assistiu nesta semana, gostou de rever e me pediu prá resenhar. aí - já viu, né? - é
chover no molhado. veja.
chico.
Em 18/12/07, Chico Dias Cardoso Filho <cdiascaju@gmail.com > escreveu:
luc besson é o que a crítica especializada costuma chamar de cineasta de carreira irregular. também acho.
"subway", que lhe deu fama, achei, apesar de nunca ter visto todo, fraco. "imensidão azul" pode não ser uma brastemp
mas é bom e muito bonito. "nikita" é do caralho. já vi umas sete vêzes, toda vez que passa eu revejo. sendo que da
primeira vez eu só faltava gritar no cinema, vibrando com a porra-louquice e o talento para matar de nikita. anne
parillaud inigualável. o americano fez sua versão("a assassina") com roteiro filmado quadro a quadro, bom, mas não se compara.
brigitt fonda não amarra a chuteira; gabriel byrne, sempre correto nem chega aos pés do tcheck kariow(? / esse guia de vídeo
1996 é uma bosta, não tem nada, putaquipariu. mas voce sabe quem é). depois ele fez o fraco "o quinto elemento" uma
ficção-homor sem graça com bruce wills e a jumenta da milla jovovich, com quem parece que veio a casar, o besta. a
"joana d'arc" dele, com ela, é formidável, gostei muito, muita violência, imagens de batalha avassalodaras.
de todos, o que gosto mais é "leo, o profissional". excelente: história, roteiro, desenvolvimento, direção, interpretações.
nattalie portman, coitada, jamais deveria ter crescido, tinha que ter parado ali, não poderia ter saído dali, com aquele rosto lindo,
emoldurado pelo corte chanel, os olhinhos lindos até chorando. outro dia, vi um de seus últimos, "v-de vingança", bom, mas ela
cresceu e se perdeu, baranga. o jean rennó é outro, jamais será o mesmo. ali foi seu ápice, fantástico, perigoso, frio. que
negócio da porra, matilda era a filha impossível que deus lhe jogou no colo, já que ele não poderia ter filhos por não poder casar
devido a profissão, ao ponto de dormir com um dos olhos abertos(voce que viu agora, lembra se era o direito ou o esquerdo?).
gary oldman, sou suspeito a falar, prá mim os melhores atores são os de lá, da grã ilha. malhado pela crítica devido as caretas
que fazia ao usar droga oral, achei-o perfeito, o perfeito fila-da-puta. é outro que nunca mais fez nada à altura. e o danny aiello?
quando veremos um mafioso italiano tão tranquilo como ele, a comer sua massa, atrás de sua mesinha. magnífico.
o final é pá-si-fudê. quase pulo da cadeira feito um louco, quando leo caído após a bala pelas costas do gary, quando este se abaixa
e tira-lhe a máscara anti-gás para conferir o troféu, ele que nunca o vira, pergunta-lhe: "seinfild? a ma ma ma matilda(já gague-
jando com o sangue a jorrar por sua boca) mandou lhe entregar" e segurando sua mão, passa-lhe o pino de segurança da
granada. é inesquecível, uma das cenas mais belas do cinema. veja que o céu -literalmente - tava logo alí, a dois passos do
paraíso, naquele dia de sol, claro, de nova iorque.
espero amigo roberto que você tenha gostado e sentido o mesmo prazer que eu.
chico.
sei que já falei de "o profissional", sou apaixonado, mas é que tenho um amigo que
assistiu nesta semana, gostou de rever e me pediu prá resenhar. aí - já viu, né? - é
chover no molhado. veja.
chico.
Em 18/12/07, Chico Dias Cardoso Filho <cdiascaju@gmail.com > escreveu:
luc besson é o que a crítica especializada costuma chamar de cineasta de carreira irregular. também acho.
"subway", que lhe deu fama, achei, apesar de nunca ter visto todo, fraco. "imensidão azul" pode não ser uma brastemp
mas é bom e muito bonito. "nikita" é do caralho. já vi umas sete vêzes, toda vez que passa eu revejo. sendo que da
primeira vez eu só faltava gritar no cinema, vibrando com a porra-louquice e o talento para matar de nikita. anne
parillaud inigualável. o americano fez sua versão("a assassina") com roteiro filmado quadro a quadro, bom, mas não se compara.
brigitt fonda não amarra a chuteira; gabriel byrne, sempre correto nem chega aos pés do tcheck kariow(? / esse guia de vídeo
1996 é uma bosta, não tem nada, putaquipariu. mas voce sabe quem é). depois ele fez o fraco "o quinto elemento" uma
ficção-homor sem graça com bruce wills e a jumenta da milla jovovich, com quem parece que veio a casar, o besta. a
"joana d'arc" dele, com ela, é formidável, gostei muito, muita violência, imagens de batalha avassalodaras.
de todos, o que gosto mais é "leo, o profissional". excelente: história, roteiro, desenvolvimento, direção, interpretações.
nattalie portman, coitada, jamais deveria ter crescido, tinha que ter parado ali, não poderia ter saído dali, com aquele rosto lindo,
emoldurado pelo corte chanel, os olhinhos lindos até chorando. outro dia, vi um de seus últimos, "v-de vingança", bom, mas ela
cresceu e se perdeu, baranga. o jean rennó é outro, jamais será o mesmo. ali foi seu ápice, fantástico, perigoso, frio. que
negócio da porra, matilda era a filha impossível que deus lhe jogou no colo, já que ele não poderia ter filhos por não poder casar
devido a profissão, ao ponto de dormir com um dos olhos abertos(voce que viu agora, lembra se era o direito ou o esquerdo?).
gary oldman, sou suspeito a falar, prá mim os melhores atores são os de lá, da grã ilha. malhado pela crítica devido as caretas
que fazia ao usar droga oral, achei-o perfeito, o perfeito fila-da-puta. é outro que nunca mais fez nada à altura. e o danny aiello?
quando veremos um mafioso italiano tão tranquilo como ele, a comer sua massa, atrás de sua mesinha. magnífico.
o final é pá-si-fudê. quase pulo da cadeira feito um louco, quando leo caído após a bala pelas costas do gary, quando este se abaixa
e tira-lhe a máscara anti-gás para conferir o troféu, ele que nunca o vira, pergunta-lhe: "seinfild? a ma ma ma matilda(já gague-
jando com o sangue a jorrar por sua boca) mandou lhe entregar" e segurando sua mão, passa-lhe o pino de segurança da
granada. é inesquecível, uma das cenas mais belas do cinema. veja que o céu -literalmente - tava logo alí, a dois passos do
paraíso, naquele dia de sol, claro, de nova iorque.
espero amigo roberto que você tenha gostado e sentido o mesmo prazer que eu.
chico.
segunda-feira, 17 de dezembro de 2007
"fuga alucinada"
o cinema é bom por isso. se fosse aqui, ou ali, na vida real, ninguém gosta de bandido, mas nos
filmes eles são mostrados com tamanho glamour que quase sempre torcemos por eles.
é o caso. o grupo rouba bancos e foge de patins, são craques, é um show à parte. stephen dorff, ótimo(afinal não é à toa que voce encara feras como nicholson, caine e judy davis de igual prá igual, no ótimo "sangue e vinho" de bob rafelson((1)) é o cabeça e nunca este termo foi empregado melhor, o moleque é fera; a namoradinha alexi(num sei quem é), muito gostosinha,
tem o negão e o leseira/nerd/junkie. quadrado perfeito. aí aparece a jumenta da natasha
hestrindge(?) (de "bela dona") e joga ainda mais lenha na fogueira. roteiro enxuto, sem furos, o
filme ação com inteligência e belas paisagens, tem uma ponte lá(desconfio que no canadá) que é
muito linda e onde acontece as cenas mais espetaculares e marcantes.
chico.
(1) filma pouco, bebe e droga muita, amigo pessoal do jack, mas só faz coisa boa: "o destino bate
à sua porta", "as montanhas da lua", "o mistério da viúva negra".
filmes eles são mostrados com tamanho glamour que quase sempre torcemos por eles.
é o caso. o grupo rouba bancos e foge de patins, são craques, é um show à parte. stephen dorff, ótimo(afinal não é à toa que voce encara feras como nicholson, caine e judy davis de igual prá igual, no ótimo "sangue e vinho" de bob rafelson((1)) é o cabeça e nunca este termo foi empregado melhor, o moleque é fera; a namoradinha alexi(num sei quem é), muito gostosinha,
tem o negão e o leseira/nerd/junkie. quadrado perfeito. aí aparece a jumenta da natasha
hestrindge(?) (de "bela dona") e joga ainda mais lenha na fogueira. roteiro enxuto, sem furos, o
filme ação com inteligência e belas paisagens, tem uma ponte lá(desconfio que no canadá) que é
muito linda e onde acontece as cenas mais espetaculares e marcantes.
chico.
(1) filma pouco, bebe e droga muita, amigo pessoal do jack, mas só faz coisa boa: "o destino bate
à sua porta", "as montanhas da lua", "o mistério da viúva negra".
sábado, 15 de dezembro de 2007
"valente, a volta do desejo"
é, é o novo da jodie foster. tava passando aqui no intervalo, o ou a espécie de making of, na
realidade um comercial do filme, feito pelos atores. voces já viram. acho que aquilo está
incluído no salário(alto) dos astros.
é "desejo de matar" de saias. é a mulher matando no lugar do meu amigo charles bronson.
deve ser bom prá caralho, apesar de eu não gostar dela. a julianne moore dá de cem a zero
em "hannibal". que, por sinal e não por acaso é muito superior a "o silencio dos inocentes", tão cultuado por voces.
quem assistir primeiro comenta, aqui, por e.mail ou ao vivo.
chico.
p.s. - aqui atrás, de niro(gordo que nem uma porca) e eddie murphy num policial(?) de
nome "showtime". todo mundo tem contas a pagar e para honrá-las se faz de tudo. dá prá tu?
realidade um comercial do filme, feito pelos atores. voces já viram. acho que aquilo está
incluído no salário(alto) dos astros.
é "desejo de matar" de saias. é a mulher matando no lugar do meu amigo charles bronson.
deve ser bom prá caralho, apesar de eu não gostar dela. a julianne moore dá de cem a zero
em "hannibal". que, por sinal e não por acaso é muito superior a "o silencio dos inocentes", tão cultuado por voces.
quem assistir primeiro comenta, aqui, por e.mail ou ao vivo.
chico.
p.s. - aqui atrás, de niro(gordo que nem uma porca) e eddie murphy num policial(?) de
nome "showtime". todo mundo tem contas a pagar e para honrá-las se faz de tudo. dá prá tu?
sábado, 8 de dezembro de 2007
"nastassja pantera kinski"
sim, zé, este é o artigo sobre o diretor daquele filme em que marcello mastroianni beija a bunda
da nata. é que o meu amigo véio disse que não era ela, acho que acostumado com a de hoje,
totalmente transformada após as muitas plásticas que fez. prá que, eu não sei, com aquela
bocona de fazer angelina pedir prá cagar a sair.
chico.
Diversidade marcou a carreira de Lattuada
por Carlos Augusto Brandão
A morte do diretor Alberto Lattuada aos 91 anos, depois de uma carreira de quase sete décadas e que primou pela extrema versatilidade, se traduz na perda de mais um ícone da fase de ouro do cinema italiano que se vai, como Fellini, De Sica, Rossellini, Leone, Visconti e tantos outros.
Filho do compositor Felice Lattuada (1882-1962), Alberto nasceu em 13 de novembro de 1914 em Milão e desde jovem, manifestou um grande interesse pela literatura, o que o levou a escrever muitos artigos sobre cinema e a fundar uma publicação – Camminare – juntamente com seu companheiro de colégio Alberto Mondadore.
Após formar-se em arquitetura na Escola Politécnica de Milão – onde conheceu outros arquitetos que se voltaram para o cinema como Renato Castellani e Luigi Comencini – Lattuada começou no cinema como decorador de sets em 1933.
Em 1940 participou do roteiro do filme Piccolo Mondo Antico, de Mario Soldati, que foi premiado no Festival de Veneza. Dirigiu seu primeiro longa em 1942 – Giacomo L’ Idealista, com Massimo Serato e Marina Berti e começou a ser notado e a fazer sucesso com O Bandido (Il Bandito), de 46, com Anna Magnani e Amedeo Nazzari, seguido de O Delito (Il Delitto di Giovanni Episcopo), estrelado por Aldo Fabrizi e Ivonne Sanson.
Lattuada foi um dos nomes notáveis do neo-realismo, atuando no chamado Grupo de Milão, onde militava com Comencini , Dino Risi e outros mais. Dessa fase, seu filme mais conhecido é Sem Piedade (Senza Pietà) realizado em 1947, com Giullieta Massina e Carla Del Poggio, com quem foi casado. Em 1950 co-dirigiu com Federico Fellini – que estreava no cinema – Mulheres e Luzes, protagonizado por Giullieta Massina e, trazendo num pequeno papel, a brasileira Vanja Orico, que viria a fazer muito sucesso em O Cangaceiro, de Lima Barreto.
Norma Benguell foi outra brasileira a trabalhar com Lattuada em o Mafioso (Mafioso), de 1965, contracenando com Alberto Sordi, o Albertone, como os italianos carinhosamente chamavam o comediante. Uma das principais características da carreira de Lattuada foi a diversidade de sua obra, que abrangeu quase todos os grandes gêneros que fizeram do cinema italiano um dos melhores do mundo.
Nas comédias à italiana, um dos marcos desse cinema – onde pontificaram cineastas como Monicelli, Germi, De Sica e comediantes consagrados como Totò, Sordi, Manfredi, Gassman e tantos outros – Lattuada nos brindou com Venha Tomar Café Conosco (Venga a Prendere il Caffè da Noi), 1970 , estrelado pelo inesquecível Ugo Tognazzi.
Lattuada também realizou adaptações literárias para o cinema, casos de A Mandrágora (La Mandragola), 1965, baseado numa obra de Maquiavel, e de Tempestade de Aleksandr Puchkin. Tempestade, de 1958, tem no elenco Geoffrey Horne e Silvana Mangano, outro mito gigantesco do cinema italiano.
O erotismo igualmente foi uma constante no seu cinema em filmes como Tentação Proibida (Così Come Sei) – sobre relações incestuosas, com Marcello Mastroianni e Nastassia Kinski – e La Cicala sobre a rivalidade entre mãe e filha e que chegou a ser proibido na Itália.
Em sua extensa filmografia destacam-se ainda Passado que Condena, de 54 (La Spiaggia), com Martine Carol e Raf Vallone; A Noviça Proibida (Lettere di Uma Novizia), 60, com Jean-Paul Belmondo e Pascale Petit; O Pecado (Bianco Rosso e...), estrelado por Sophia Loren; e em 1985, a produção para tevê Cristóvão Colombo (Cristoforo Colombo), com Gabriel Byrne e Virna Lisi.
Lattuada também teve um papel importante no movimento de preservação fílmica, tendo presidido durante muitos anos a Cinemateca Italiana, e juntamente com Comencini, atuou na conservação do Arquivo do Cinema Italiano.
Em 1975 esteve no Brasil em Porto Alegre, a convite da Comissão Executiva para as Comemorações do Centenário da Colonização Italiana. Na cidade gaúcha fez uma conferência intitulada Vitalidade do Cinema Italiano e abriu uma retrospectiva de seus filmes da qual constavam, entre outros – O Bandido, O Moinho de Pó, Sem Piedade e Venha Tomar um Café Conosco.
O cinema italiano, que proporcionou ao mundo alguns dos momentos mais mágicos nas telas do mundo, fica desfalcado assim de mais um nome expressivo de sua cinematográfica.
publicado em 22/07/2005
da nata. é que o meu amigo véio disse que não era ela, acho que acostumado com a de hoje,
totalmente transformada após as muitas plásticas que fez. prá que, eu não sei, com aquela
bocona de fazer angelina pedir prá cagar a sair.
chico.
Diversidade marcou a carreira de Lattuada
por Carlos Augusto Brandão
A morte do diretor Alberto Lattuada aos 91 anos, depois de uma carreira de quase sete décadas e que primou pela extrema versatilidade, se traduz na perda de mais um ícone da fase de ouro do cinema italiano que se vai, como Fellini, De Sica, Rossellini, Leone, Visconti e tantos outros.
Filho do compositor Felice Lattuada (1882-1962), Alberto nasceu em 13 de novembro de 1914 em Milão e desde jovem, manifestou um grande interesse pela literatura, o que o levou a escrever muitos artigos sobre cinema e a fundar uma publicação – Camminare – juntamente com seu companheiro de colégio Alberto Mondadore.
Após formar-se em arquitetura na Escola Politécnica de Milão – onde conheceu outros arquitetos que se voltaram para o cinema como Renato Castellani e Luigi Comencini – Lattuada começou no cinema como decorador de sets em 1933.
Em 1940 participou do roteiro do filme Piccolo Mondo Antico, de Mario Soldati, que foi premiado no Festival de Veneza. Dirigiu seu primeiro longa em 1942 – Giacomo L’ Idealista, com Massimo Serato e Marina Berti e começou a ser notado e a fazer sucesso com O Bandido (Il Bandito), de 46, com Anna Magnani e Amedeo Nazzari, seguido de O Delito (Il Delitto di Giovanni Episcopo), estrelado por Aldo Fabrizi e Ivonne Sanson.
Lattuada foi um dos nomes notáveis do neo-realismo, atuando no chamado Grupo de Milão, onde militava com Comencini , Dino Risi e outros mais. Dessa fase, seu filme mais conhecido é Sem Piedade (Senza Pietà) realizado em 1947, com Giullieta Massina e Carla Del Poggio, com quem foi casado. Em 1950 co-dirigiu com Federico Fellini – que estreava no cinema – Mulheres e Luzes, protagonizado por Giullieta Massina e, trazendo num pequeno papel, a brasileira Vanja Orico, que viria a fazer muito sucesso em O Cangaceiro, de Lima Barreto.
Norma Benguell foi outra brasileira a trabalhar com Lattuada em o Mafioso (Mafioso), de 1965, contracenando com Alberto Sordi, o Albertone, como os italianos carinhosamente chamavam o comediante. Uma das principais características da carreira de Lattuada foi a diversidade de sua obra, que abrangeu quase todos os grandes gêneros que fizeram do cinema italiano um dos melhores do mundo.
Nas comédias à italiana, um dos marcos desse cinema – onde pontificaram cineastas como Monicelli, Germi, De Sica e comediantes consagrados como Totò, Sordi, Manfredi, Gassman e tantos outros – Lattuada nos brindou com Venha Tomar Café Conosco (Venga a Prendere il Caffè da Noi), 1970 , estrelado pelo inesquecível Ugo Tognazzi.
Lattuada também realizou adaptações literárias para o cinema, casos de A Mandrágora (La Mandragola), 1965, baseado numa obra de Maquiavel, e de Tempestade de Aleksandr Puchkin. Tempestade, de 1958, tem no elenco Geoffrey Horne e Silvana Mangano, outro mito gigantesco do cinema italiano.
O erotismo igualmente foi uma constante no seu cinema em filmes como Tentação Proibida (Così Come Sei) – sobre relações incestuosas, com Marcello Mastroianni e Nastassia Kinski – e La Cicala sobre a rivalidade entre mãe e filha e que chegou a ser proibido na Itália.
Em sua extensa filmografia destacam-se ainda Passado que Condena, de 54 (La Spiaggia), com Martine Carol e Raf Vallone; A Noviça Proibida (Lettere di Uma Novizia), 60, com Jean-Paul Belmondo e Pascale Petit; O Pecado (Bianco Rosso e...), estrelado por Sophia Loren; e em 1985, a produção para tevê Cristóvão Colombo (Cristoforo Colombo), com Gabriel Byrne e Virna Lisi.
Lattuada também teve um papel importante no movimento de preservação fílmica, tendo presidido durante muitos anos a Cinemateca Italiana, e juntamente com Comencini, atuou na conservação do Arquivo do Cinema Italiano.
Em 1975 esteve no Brasil em Porto Alegre, a convite da Comissão Executiva para as Comemorações do Centenário da Colonização Italiana. Na cidade gaúcha fez uma conferência intitulada Vitalidade do Cinema Italiano e abriu uma retrospectiva de seus filmes da qual constavam, entre outros – O Bandido, O Moinho de Pó, Sem Piedade e Venha Tomar um Café Conosco.
O cinema italiano, que proporcionou ao mundo alguns dos momentos mais mágicos nas telas do mundo, fica desfalcado assim de mais um nome expressivo de sua cinematográfica.
publicado em 22/07/2005
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
ELE ERA INCESTUOSO - TÁ PERDOADO?
A cólera de Klaus
Em Meu Melhor Inimigo, o diretor Werner Herzog disseca sua relação turbulenta com o ator Klaus Kinski
Isabela Boscov
A cena é espantosa. O ator alemão Klaus Kinski grita sem parar, insultando o diretor de produção de Fitzcarraldo. "Só porcos podem comer essa comida que vocês servem", vocifera, como se estivesse possuído. Nervoso, o adversário devolve: "Então não a coma. Devore as suas próprias fezes, se quiser". Ao redor, os índios peruanos recrutados como figurantes observam atemorizados a batalha, que já dura horas. Só o cineasta alemão Werner Herzog parece alheio ao tumulto. Inspeciona a locação, conversa com o fotógrafo, coça a cabeça. "Não foi uma crise particularmente ruim, então achei que não devia intervir", explica, para a sua própria câmara, quase vinte anos depois. O que levou o diretor a, em suas próprias palavras, "submeter-se à pena" de fazer cinco filmes com um dos atores mais insanos que já existiram? A resposta, nada simples, está no magistral e assustador documentário Meu Melhor Inimigo (Mein Liebster Feind, Alemanha, 1999), a partir desta sexta-feira em São Paulo, no qual Herzog disseca sua relação com o ator.
Quando viu Kinski pela primeira vez, Herzog estava ainda a muitos anos de se tornar um dos mais expressivos cineastas da Alemanha, criador de filmes fundamentais, como O Enigma de Kaspar Hauser. Tinha 13 anos e morava com a mãe e mais três irmãos num quarto de pensão em Munique. Como a dona da hospedaria tinha um fraco por artistas pobres, recolheu Kinski das ruas. Ele retribuiu a caridade com cenas de terror. Certa feita, trancou-se no banheiro durante 48 horas. "Quando saiu, a banheira, o vaso, a pia, tudo estava moído. Os cacos poderiam ser peneirados com uma raquete de tênis", diz Herzog. "Por isso, eu sabia o que me esperava."
Aos 28 anos, o diretor chamou Kinski para protagonizar Aguirre, a Cólera dos Deuses, um drama sobre a selvageria dos conquistadores espanhóis na Amazônia peruana. O ator acabava de vir de uma peça na qual interpretava um Jesus desvairado e, como de hábito, carregou o personagem consigo. Foi uma provação para a equipe e o elenco. Em determinada ocasião, quando os figurantes atacaram a comida cenográfica, o ator teve um acesso de fúria. Mirou a espada na cabeça de um deles e desferiu um golpe com toda a força de que era capaz. Quem conta a história é a própria vítima, que ainda hoje guarda uma bela cicatriz, apesar do capacete de ferro que compunha seu figurino. E a cena está registrada em filme, como inúmeras outras que Herzog aproveita no documentário. A situação da dupla era tão extrema que suscitou até planos homicidas. Depois de uma briga especialmente feia durante as complicadíssimas filmagens de Fitzcarraldo, Kinski decidiu abandonar a fita. Já fazia as malas quando Herzog se aproximou. "Klaus, você pode partir", disse ele. "Mas, quando chegar àquela curva do rio, eu terei metido oito balas na sua cabeça com o meu rifle. A nona será para mim, mas você leva as oito primeiras." Kinski ficou. "Graças a Deus, Klaus era um covarde", ri o diretor.
Objetivamente, o que levava Herzog a escalar o ator era sua energia feroz e irreprimível. "De alguma forma, nós nos completávamos", diz. Apesar dos episódios assombrosos que narra, Meu Melhor Inimigo deixa de abordar alguns aspectos da vida privada do ator. Não há uma palavra sobre a obscura relação de Kinski com sua filha, a atriz Nastassja, por quem se diz que ele nutria sentimentos pouco paternais. Mas essa ausência é compensada com a honestidade com que Herzog expõe o companheiro e a si próprio. Além disso, ele é um documentarista singular, capaz de dissolver a barreira entre a platéia e os temas que retrata. Uma amostra disso está no perturbador Terra do Silêncio e da Escuridão, no qual o diretor mergulhava no mundo sufocante de pessoas surdas, mudas e cegas. Também na ficção, ele gosta de se deter sobre indivíduos que estão um passo além de seu limite – como o visionário Fitzcarraldo, que queria içar um navio montanha acima, ou o vampiro Nosferatu, que sugava o sangue de suas vítimas para matar não a fome, mas a solidão. Kinski era, evidentemente, o intérprete ideal para tais personagens. Meu Melhor Inimigo termina com uma imagem lírica do ator, um de seus poucos momentos alegres e descontraídos. É um ajuste de contas e uma oferta póstuma de reconciliação. Kinski morreu em 1991, aos 65 anos.
Em Meu Melhor Inimigo, o diretor Werner Herzog disseca sua relação turbulenta com o ator Klaus Kinski
Isabela Boscov
A cena é espantosa. O ator alemão Klaus Kinski grita sem parar, insultando o diretor de produção de Fitzcarraldo. "Só porcos podem comer essa comida que vocês servem", vocifera, como se estivesse possuído. Nervoso, o adversário devolve: "Então não a coma. Devore as suas próprias fezes, se quiser". Ao redor, os índios peruanos recrutados como figurantes observam atemorizados a batalha, que já dura horas. Só o cineasta alemão Werner Herzog parece alheio ao tumulto. Inspeciona a locação, conversa com o fotógrafo, coça a cabeça. "Não foi uma crise particularmente ruim, então achei que não devia intervir", explica, para a sua própria câmara, quase vinte anos depois. O que levou o diretor a, em suas próprias palavras, "submeter-se à pena" de fazer cinco filmes com um dos atores mais insanos que já existiram? A resposta, nada simples, está no magistral e assustador documentário Meu Melhor Inimigo (Mein Liebster Feind, Alemanha, 1999), a partir desta sexta-feira em São Paulo, no qual Herzog disseca sua relação com o ator.
Quando viu Kinski pela primeira vez, Herzog estava ainda a muitos anos de se tornar um dos mais expressivos cineastas da Alemanha, criador de filmes fundamentais, como O Enigma de Kaspar Hauser. Tinha 13 anos e morava com a mãe e mais três irmãos num quarto de pensão em Munique. Como a dona da hospedaria tinha um fraco por artistas pobres, recolheu Kinski das ruas. Ele retribuiu a caridade com cenas de terror. Certa feita, trancou-se no banheiro durante 48 horas. "Quando saiu, a banheira, o vaso, a pia, tudo estava moído. Os cacos poderiam ser peneirados com uma raquete de tênis", diz Herzog. "Por isso, eu sabia o que me esperava."
Aos 28 anos, o diretor chamou Kinski para protagonizar Aguirre, a Cólera dos Deuses, um drama sobre a selvageria dos conquistadores espanhóis na Amazônia peruana. O ator acabava de vir de uma peça na qual interpretava um Jesus desvairado e, como de hábito, carregou o personagem consigo. Foi uma provação para a equipe e o elenco. Em determinada ocasião, quando os figurantes atacaram a comida cenográfica, o ator teve um acesso de fúria. Mirou a espada na cabeça de um deles e desferiu um golpe com toda a força de que era capaz. Quem conta a história é a própria vítima, que ainda hoje guarda uma bela cicatriz, apesar do capacete de ferro que compunha seu figurino. E a cena está registrada em filme, como inúmeras outras que Herzog aproveita no documentário. A situação da dupla era tão extrema que suscitou até planos homicidas. Depois de uma briga especialmente feia durante as complicadíssimas filmagens de Fitzcarraldo, Kinski decidiu abandonar a fita. Já fazia as malas quando Herzog se aproximou. "Klaus, você pode partir", disse ele. "Mas, quando chegar àquela curva do rio, eu terei metido oito balas na sua cabeça com o meu rifle. A nona será para mim, mas você leva as oito primeiras." Kinski ficou. "Graças a Deus, Klaus era um covarde", ri o diretor.
Objetivamente, o que levava Herzog a escalar o ator era sua energia feroz e irreprimível. "De alguma forma, nós nos completávamos", diz. Apesar dos episódios assombrosos que narra, Meu Melhor Inimigo deixa de abordar alguns aspectos da vida privada do ator. Não há uma palavra sobre a obscura relação de Kinski com sua filha, a atriz Nastassja, por quem se diz que ele nutria sentimentos pouco paternais. Mas essa ausência é compensada com a honestidade com que Herzog expõe o companheiro e a si próprio. Além disso, ele é um documentarista singular, capaz de dissolver a barreira entre a platéia e os temas que retrata. Uma amostra disso está no perturbador Terra do Silêncio e da Escuridão, no qual o diretor mergulhava no mundo sufocante de pessoas surdas, mudas e cegas. Também na ficção, ele gosta de se deter sobre indivíduos que estão um passo além de seu limite – como o visionário Fitzcarraldo, que queria içar um navio montanha acima, ou o vampiro Nosferatu, que sugava o sangue de suas vítimas para matar não a fome, mas a solidão. Kinski era, evidentemente, o intérprete ideal para tais personagens. Meu Melhor Inimigo termina com uma imagem lírica do ator, um de seus poucos momentos alegres e descontraídos. É um ajuste de contas e uma oferta póstuma de reconciliação. Kinski morreu em 1991, aos 65 anos.
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