sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

"jogo de perdedores"

a releitura de "desafio à corrupção".
ao comentar sobre ele, quando de um e.mail do meu amigo roberto de matéria da isto é
sobre o cancer terminal do friend paul, sua saída do hospital para o seu rancho, fui
cruel e injusto(isto aqui é o mea culpa). vide blog ou e.m. da época, cerca de 3 me -
ses atrás.
o que será? é o momento, a hora, "os bofe", o fel, a bile, o azedume, "quiporra" é
isso?
revi-o - desta vez, todo, em suas duas horas e carquerada - ontem e hoje ao abrir o
blog, o e.m. do gabriel, deu vontade de fazer esta resenha, mas num deu tempo, vai
agora.
vou ser curto porque o carinha aí já disse tudo. entrei no google atrás da sinopse,
ficha técnica(depois eu mando) prá ver ano, curiosidades, etc., mas gostei tanto des-
ta leitura que vai ela.
na minha crítica, pequena, toques, dicas sobre os seus filmes, vistos por mim,
achei e cheguei a dizer: "bola fora, ele exibe aquele famoso sorriso toda hora, tempo
todo, à exaustão, na vitória, na derrota, no sucesso, no fracasso". putaquipariu!
quanta injustiça, nada disso. ele tá bem paporra. o sorriso é do personagem, cínico,
cauboy("onde mora", pergunta a bebinha manca; "por aí", responde o vencedor). eita
porra.... é não óia... é perdedor, segundo o cão/george c. scott(impressionante).
já para sarah, ele é um vencedor, afirma ela, quando ele, encucado, lhe conta o que
bert lhe jogou na cara: "é não, é inveja dele, porque não é como voce, não é bom no
que faz". vissse, viram? é o tal do maniqueísmo, o bem e o mal, às vêzes até caminhan
-do juntos. é foda, chega a ser bíblico. tá tudo lá: a culpa então, essa nossa grande
herança do catolicismo, chega a doer.
só faço - como não poderia deixar de ser -dois reparos ou complementos no texto do grande aí. primeiro:"recriminado violentamente". na verdade "os cara" deram um cacete
e quebraram seus polegares. pásifudê, é como se cortassem as mãos do schumacker,
arrancassem o terceiro olho(o do cu) do pelé, por aí. segundo: "trágico acontecimento
num quarto de hotel em louisville".ou meu filho - sei que voce não queria entregar o
filme - deixe de ser vaselina, ela se matou, porra, depois de beba, como sempre, ter
dado pro cão, porque o paul trocou-a por uma partida de sinuca.
sim, é preto-e-branco, mas voce vê(ou sente) o azulão dos óio do meu amigo.
a piper laurie(mãe doida de "carrie a estranha") mata a páu como a cachaceira de
respeito.(1). o jackie "fats" gleason, excelente, assim como george e todo o elenco.
"a cor do dinheiro" não amarra a chuteira. também... do merdinha scorcese.
(1)"encher a cara logo cedo na rodoviária". essa não conhecia não, num fiz ainda não.
agendei.
chico.





Marcelo Zambon (e-mail), Leitor do Adoro Cinema - Nota 10:

"O JOGO DA VIDA

De lamentável esse filme só tem o título em português : Desafio à Corrupção, totalmente inoportuno e infeliz em comparação ao original - The Hustler - que seria algo como profissional, pessoa enérgica. O profissional em questão é Eddie "Fast" Felson (Eddie Ligeiro) e sua habilidade é a sinuca. Paul Newman vive o jogador numa performance impressionante, amparado pela ótima Piper Laurie e pelos coadjuvantes George C. Scott e Jackie Gleason nesse filme espetacular dirigido e roteirizado por Robert Rossen (A Grande Ilusão). A excelente fotografia em preto e branco (premiada com o Oscar) é de um brilho todo especial.

O filme começa em um salão de sinuca quando Eddie chega do Kentucky com seu sócio, uma espécie de empresário nos seus jogos, Charlie a fim de desafiar o melhor jogador da região - Gordo Minnesota. O salão pára para o duelo dos dois jogadores que jogam por mais de 40 horas seguidas, num jogo estressante e cansativo com uma tensão presente em cada tacada. Eddie vencia o Gordo Minnesota que continuava a jogar seguindo ordens de seu sócio Bert Gordon (grande atuação de George C. Scott) que ao analisar a personalidade de Eddie concluiu que ele era um perdedor nato e orgulhoso e que era só esperar a hora de derrotá-lo, o que aconteceu ao fim das quarentas horas de jogo.

Bêbado e sem dinheiro, Eddie abandona seu sócio Charlie e vagueia pela cidade sem destino. Ele encontra Sarah (Piper Laurie), uma mulher solteira, perdida, sem motivações e desamparada que tem como passatempo encher a cara na rodoviária logo cedo do dia. Depois de dois encontros casuais, eles acabam se juntando, já que possuem muitas amarguras e desencantos em comum. A união de ambos se desenvolve bem por alguns dias, mas a falta de perspectivas, o medo do envolvimento sério e a obsessão de Eddie com a sinuca balançam seriamente o casal.

Eddie, em busca de dinheiro, joga por qualquer quantia em espeluncas da cidade e após derrotar impiedosamente um adversário em partidas consecutivas mostrando todo o seu extraordinário talento é recriminado violentamente pelos jogadores do bar. Enquanto se recupera na casa de Sarah, ele é procurado por Bert para patrocinar seus jogos de sinuca. Eddie aceita embarcar numa turnê com seu novo sócio e decide levar consigo Sarah após uma emocionante conversa. O relacionamento de Sarah e Bert é tumultuado desde o início, já que ela ama Eddie e não está nem aí para o jogo e Bert apenas visa lucro usando o talento de Eddie. O acordo dos dois é desfeito depois de um trágico acontecimento num quarto de hotel em Louisville.

Modificado e com nova personalidade, Eddie Felson volta ao salão de sinuca do início para desafiar novamente o Gordo Minnesota e aposta seus últimos trocados. Disposto a mostrar que é o melhor jogador de sinuca, ele simplesmente trucida o Gordo, não lhé dá a mínima chance e realiza jogadas impensáveis e improváveis. É contagiante a garra com que joga, a sua determinação em ganhar todas as partidas. É vibrante e estimulante ver o novo jogador que Eddie se transformou e como ele mesmo diz a Bert que acompanha o jogo : "Agora tenho algo mais que talento. Achei meu caráter num hotel de Louisville". Eddie não é mais o perdedor nato de outrora que não preservava nem as pessoas que o amavam; agora ele é o melhor, imbatível e sabe disso. É emocionante verificar a sua descoberta. Antes de deixar o recinto, Eddie fala que o Gordo é um grande jogador de sinuca e esse agradece. Essa maravilhosa cena final é antológica, o confronto psicológico dos dois personagens memorável e o jogo de s!
inuca se torna apenas o pano de fundo no jogo da vida. Repare que ainda no final, o diretor, inteligentemente, não corta logo a cena, talvez já prevendo um momento de reflexão do espectador.

O ponto forte do filme é o tocante relacionamento de Eddie e Sarah. Um casal injustiçado pela vida, marcado pelo lado marginal da sociedade e já incapazes de demonstrar amor por alguém. É triste e decepcionante conferir a baixa auto estima dos personagens que se afogam no universo trágico da bebida e não mostram força e desejo de sair do abismo que são as suas vidas. A escalação de todo elenco é fabulosa e muito bem feita, todos parecem perfeitos no papel e importantes na trama, não à toa que os quatro personagens principais foram indicados ao Oscar. George C. Scott e Jackie Gleason como atores coadjuvantes, Piper Laurie para atriz e Paul Newman que lastimavelmente perdeu o Oscar por essa atuação magnífica para Maximilian Schell por Julgamento em Nuremberg. A prova da terrível injustiça cometida pela Academia e o reconhecimento pelo personagem veio 25 anos depois, com o prêmio de melhor ator (único) pelo mesmo papel na "continuação" A Cor do Dinheiro dirigida por Martin Scor!
sese. É claro que todo mundo sabe, até o próprio Newman que o prêmio foi um evidente pedido de desculpa. O filme ganhou o Oscar de direção de arte e ainda concorreu a roteiro, direção e filme. Por atuações como em Desafio à Corrupção, que Paul Newman se confirmou, indiscutivelmente, como um dos maiores atores da história do cinema. Um filmaço!"

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