quinta-feira, 19 de março de 2009

"o amor nos tempos do cólera"

sabe como passou em portugal? "o amor nos tempos de cólera". é mole? depois dizem
que burros somos nós, eles só nas piadas.
gostei mais do livro, o que parece ser uma verdade absoluta na grande maioria dos
casos, não? qualquer julgamento meu está prejudicado pelo fato de ter assistido no
pipoca, dublado e sem volume(era madrugada e a humanidade dormia).
sempre achei que seria de difícil transposição para a tela, mas até que o newell
conseguíu, apesar de o gabriel ter lhe jogado esta: "voce não conseguirá".
o universo do g.g. marques é muito peculiar, difícil pros gringos entenderem. o amor
de florentino, apesar de lindo - como só o amor é - é estranho, platônico, bizarro.
há uma falha ou outra,caso do lenguizamo como pai da fermina, com a mesma idade dela
e parecendo aquele moleque cucaracha do bonx, brooklin(sei lá) de sempre.
confiram.
chico.






O Amor nos Tempos do Cólera
O Amor nos Tempos do Cólera
Celso Sabadin

O crítico paraense de cinema, jornalista e meu amigo Ismaelino Pinto disse certa vez uma frase que guardei fundo na minha memória. Sempre bem-humorado e sarcástico, ele afirmou que “a gente sabe quando um filme brasileiro de época é bom prestando atenção nas perucas. Se as perucas estão mal-feitas, cuidado com o filme: tudo vai sair errado.”

Lembrei-me imediatamente desta divertida citação logo na primeira cena de O Amor nos Tempos do Cólera. O filme, obviamente, não é brasileiro, mas a frase cabe perfeitamente. Que perucas são aquelas? E a maquiagem de envelhecimento? Parece produção barata do SBT. Como uma produção norte-americana como estas, de orçamento estimado em US$ 45 milhões, pode ser iniciada com uma cena típica de A Paixão de Jacobina?

Resolvi relaxar e dar um desconto. Talvez algo tenha dado errado nesta primeira cena e a partir daí o filme decole. Que engano! Quanto mais a longa (138 minutos) projeção avança, mais se percebe que a peruca era o menor dos problemas. O diretor inglês Mike Newell (de Quatro Casamentos e um Funeral) mostra a cada minuto que não tem a mínima intimidade com o universo cultural latino-americano, muito menos com a obra de Gabriel García Márquez, que só não está bufando em seu túmulo porque ainda não morreu. O que ele deve ter desejado após ver o filme.

Tudo é tristemente caricato, falso, com um elenco no qual atores latinos e não-latinos nivelados são por baixo em interpretações dignas de um novelão mexicano. As falas são solenes, os movimentos teatrais e o timming dos mais sonolentos. De nada adiantou a produção se deslocar até a Colômbia, terra natal de Márquez, se foram perdidos completamente a magia e o encanto do texto original.

A história? Ah, sim, a história: o poeta e telegrafista Florentino Ariza (Javier Bardem, tadinho) apaixona-se fulminantemente e à primeira vista pela bela Fermina Daza (Giovanna Mezzogiono) e passa a lhe escrever intensas cartas de amor. Mas, sob pressão do pai, Fermina acaba se casando o médico aristocrata Juvenal Urbino (Benjamin Bratt), o que provoca em Florentino uma dor de cotovelo de várias décadas. Para se “distrair”, ele passa a colecionar casos de amor.

Mais uma vez, o cinema anglo-saxão reduz a pó a riqueza da cultura latino-americana. Um desastre.

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