caso raro em que o título no brasil é melhor do que o original.
acho que já comentei, ou aqui ou nos e.mail. não importa, lançem na rubrica "vale a
pena ver de novo" que só terão a ganhar. isto aí é uma carta ao assis, apaixonado por
cinema e western como nós.
e as seções in vinno?
"onde começa o inferno".
acaba de acabar no canal 2/tv maceió, legendado, vi todo e pela primeira vez na vida abro uma cerveja às duas da matina.
eu não queria lhe fazer raiva não, véi, mas ele consegue ser melhor do que "rastros de ódio", me perdoe.
"rio bravo". poderia se chamar: "a cadeia"(tudo se passa lá), "3 homens em perigo(o quente, o bêbo e o aleijado)",
"encurralados", "um anjo chamado dickson", "ford, eu te amo, mas também sei fazer". e por aí vai.
não sei se foi na folha, onde ele é o titular de cinema ou na ilha, aquele livro que te emprestei, que inácio araujo defende que ele
não é o melhor western, é o melhor filme já feito. desde então(acho que te mandei os dois)creio que ele exagerou, o que é próprio
de nós, apaixonados por cinema.
bicho, a vida é boa por isso, nos dá a chance de rever as coisas. engraçado, ele não entra na minha lista dos 10 mais,ao menos
na última. já o howard hawks entra nos 10 maiores diretores, claro.
é de 59, "the searchers" de 56, então não dá para negar que ele homenageia ford. há uma cena emblemática, quando chance sai
do celeiro para encarar o exército dos burnette(?), hh faz a tomada de dentro do recinto(sombra)pegando o sol, a vastidão(embora
fosse apenas uma rua), a vida(ou a morte), com a figuraça de wayne se agigantando e ao mesmo tempo se apequenando. cópia fiel da cena inicial e da final de "rastros" com a chegada e a partida do ethan.lembra?
há duas cenas que desconfio ninguém conseguirá superar. no saloon, quando dude(o magistal bêbo do dean martin, alcoolatra na
vida real) diz pro gordo safado dono do buteco(só presta se for com U) : "acho que vou aceitar aquele drink", olha pro copo de
cerveja que o sacana pusera, vê uma gota de sangue caindo dentro, se move rente ao balcão, abre fazendo um movimento para o
meio do salão, saca e atira matando o bandido( lá em cima no primeiro andar) que acabara de matar pelas costas o velho amigo do xerife(quem, quem? ward
bond). é a ligeireza, a precisão do movimento(a que se agarra o inácio para fazer sua bela defesa do filme). a movimentação é
perfeita. eu nunca soube de alguém que tenha chorado numa cena de saloon, tradicionalmente de tensão e ação. nem eu. aconte-
ceu hoje. é bom exercitar o choro. provavelmente por conta da que a antecedeu. wayne diz pro dude vá por trás(do saloon) que eu
vou pela frente, ao que dean responde: "eu gostaria, eu preciso ir pela frente. nunca ninguem me deixou." o john t.chance é durão
prá caralho, mas deixa. é mole? a outra é aquela do colorado(rick nelson, excepcionalmente bem,mais um ponto pro velho hh), em
que, rendido por 4 bandidos à saída do hotel, o xerife é salvo por ele(e não esqueçamos o anjo dickson que joga - executando a
idéia dele - o jarro pela janela, o que distrai o quarteto, permitindo que ele jogue o rifle, companheiro inseparável, pro chance e os
dois liquidam a fatura. maravilha.
há o humor também, por conta do aleijado(walter bremann?), velho ranzinza mas simpatico de tão chato. o mau humor do dude
nos momentos da sêca, a síndrome da falta do mé, mas acima de tudo, o companheirismo, tão presente na obra de ford. e o final
arretado. hawks não nos expulsa da sala no clímax final; ao contrário, nos leva a acompanhar o dude e o véio, quando ao estarem
indo ao buteco comemorar a vitória, cái sobre eles um lenço da angie jogado pelo wayne, antes de comê-la e o véi diz, olhando prá
cima, pro quarto: "chegarei a xerife?".
melhor impossível.
assis, se voce não tem, loque ou compre. é daqueles prá se rever de vez em quando, como voce faz com rastros e high noon. é
como voce costuma dizer, os grandes já foram feitos.
abraço.
chico.
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