mas bicho, confusão da porra: tem meia hora que tento anexar dois arquivos salvos, este,
crítica de um bernardo villaça e o outro, a de ewald. consegui colar a cópia deste, depois mando
o outro.
assistí hoje no tcc, 00 às 02:20 hs, gostei muito e discordo totalmente dos dois. é um grande
filme. o indiano(vi esta semana umas duas vêzes no making of/propaganda/divulgação de
"elizabeth, a era de ouro", que espero seja tão bom quanto o primeiro, excelente; tem aquela cara de hindu, os ói de peixe morto ou cabra velha, o beiço virado, horrível) é bom pá porra. tenho prá
mim que ele deve ser admirador de kubrick(o que já é bom) e como o mestre, é também um grande encenador(uma das qualidades maiores do stanley e unânime no meio). lembram daquelas tomadas de "elizabeth", lá de riba, do céu, que citei aqui outro dia? neste tem uma do
caralho num salão de danças do castelo no noivado dos protagonistas, essa elogiada por esse
imbecil abaixo e outras do deserto no embate final.
a história é boa e muito bem contada. o elenco está perfeito. o ledger - que vi muito discreto em
"a última ceia", coadjuvando o mala billy bob t.; em "coração de cavaleiro"(?) apenas pela juventude; num "tipo western" australiano "os irmãos num-sei-o que" com orlando bloom e
sem pé nem cabeça e só - faz um trabalho que dá dignidade à profissão e à sua carreia. já pode
descansar em paz, que deus o tenha! ele faz vários papéis: primeiro do babaquinha da academia,
branquelo, irreconhecível; depois do amargurado com a decisão(de pedir baixa e não ir à guerra
no sudão), este o mais difícil pela complexidade: ele estava certo, noivara, mas a inglaterra da
época não aceitava isso, seu pai, general do exército, seus amigos e até sua noiva(foi foda) julga-
ram e condenaram pelo lado mais fácil: covardia; o terceiro e mais extenso com a transformação
propiciada pelo sofrimento no deserto e o consequente crescimento do personagem e do ator e
por fim de volta à sua terra e só aí com a sua cara, como o conhecemos. não é pouco. e o viado
diz que ele não tem carisma, né foda.
o amigo dele, o tal do wes, que não lembro em "beleza americana", está correto, contido, dizendo
tudo com seus "oião azul", fazendo a passagem pra a cegueira com perfeição. ói, se hoje eu encon-
trasse com essa porra daí de baixo, ia enchê-lo de porrada. cretino.
a kate hudson está bem como a noiva que se sente traída com a baixa do guerreiro, vai e volta
como todo ser humano. só é feia prá caralho, com aquela boquinha de richard gere(é filha da
goldie hawn, é?) e nos seus vinte anos parece ter 70.
agora, com toda essa competência, o filme é do negão, o djimon(?). conheci-o em "amistad",
aquele começo de decadência do spielberg e concluí: "ah, tá, é mais um preto fortão que holly-
wood lança prá fazer média com a negrada". era modêlo. depois vi-o em mais uns dois, inclusi-
ve "gladiador", sempre apagado. ói o khapur aí, é o dedo dele: extraíu uma interpretação gran-
diosa do d.h., alternando força, selvageria e ternura, grandeza, enfim.
só um indiano prá captar tão bem a grandeza da inglaterra, maior império da época, seu orgulho.
já mostrara conhecer bem em "elizabeth" e neste é a própria sublimação.
esqueçam os dois viados, assistam e comentem.
chico.
p.s. - outro dia, assis - após minha resenha de "winchester 73" e provavelmente embasado em
todas as outras: "no tempo das diligências", "rastros de ódio", "o homem que matou o facínora",
"matar ou morrer" e outros - disse: "é galego(ou melhor, sarará, é assim que ele me chama),
se fosse eu, se escrevesse assim, livrava pelo menos o da cachaça", na sua malandragem de
"pioio" de cinema desde moleque. ri muito e agradecí, achando que aquilo era porque eu enchia
a bola do john ford, que ele venera.
num é kesses dois maricos agora me fizeram acreditar no véio.
[ #-A-B-C-D-E-F-G-H-I-J-K-L-M-N-O-P-Q-R-S-T-U-V-W-X-Y-Z ]
Honra e Coragem - As Quatro Plumas - The Four Feathers, 2002
Dirigido por Shekhar Kapur. Com: Heath Ledger, Wes Bentley, Kate Hudson, Djimon Hounsou, Alex Jennings e Michael Sheen.
'Às vezes, eu me pergunto o que Sua Majestade tem a ver com um deserto no meio do nada', questiona o jovem tenente Harry Faversham, em certo momento de As Quatro Plumas, ao saber que seu regimento será enviado para uma batalha no Sudão. Integrante do exército britânico em uma época (final do século 19) em que vestir a farda ainda era motivo de grande distinção na alta sociedade (o Império encontrava-se em seu apogeu), Harry não consegue se convencer de que morrer pela Rainha é um sacrifício tão nobre quanto acreditam seus amigos. Infelizmente, enquanto o filme tenta decidir se o personagem evita a guerra por covardia ou por bom senso, Harry gradualmente se revela apenas um idiota, conduzindo a produção ao desastre.
Escrito por Michael Schiffer e Hossein Amini a partir do livro de A.E.W. Mason, As Quatro Plumas gira em torno da amizade entre Harry Faversham e Jack Durrance, que, quando não se encontram em treinamento militar, andam sempre acompanhados pela namorada do primeiro, a bela Ethne (nunca é bom sinal, em um filme, ver dois homens dividindo a atenção da mesma mulher). Na véspera de embarcar para a África, no entanto, Harry anuncia seu noivado com Ethne e, temendo não voltar vivo da guerra, acaba pedindo baixa do exército – algo que representa grande desonra entre seus contemporâneos. Decepcionados com a atitude do amigo, os companheiros do ex-tenente enviam três plumas brancas para o rapaz (simbolizando sua covardia) – que também recebe uma quarta pena de sua própria noiva. Massacrado pela vergonha, Harry decide provar seu valor e embarca para o Sudão, onde, disfarçado como árabe, passa a acompanhar os movimentos de seu antigo regimento enquanto espera uma chance de se redimir perante os companheiros.
Ora, que tipo de herói é esse? Depois de questionar (corretamente) os propósitos de uma guerra estúpida, Harry se arrepende de suas ações não por acreditar em algo, mas sim para impressionar os amigos, o que denota uma imensa fraqueza de caráter. Esta, sim, é sua grande covardia: agir em função do que os outros pensam, e não em respeito às próprias ideologias. Por incrível que pareça, As Quatro Plumas não parece perceber esta grave contradição, já que tenta criar, durante toda a história, situações forçadíssimas para que o personagem possa mostrar o seu 'valor' (algo realçado pela exagerada trilha sonora de James Horner). Patético e confuso, Harry recebe o status de herói ao matar um homem (retratado como vilão) que tivera toda a família massacrada pelo exército britânico – o que é um absurdo sem igual. Neste momento, enquanto o filme esperava aplausos para a 'coragem' de Harry, eu torcia desesperadamente para seu inimigo (o que é um péssimo sinal para a produção, obviamente).
E o que dizer de Ethne, uma garota superficial que rejeita o amado por sua 'covardia', mas que se arrepende assim que ele parte em sua jornada em busca da redenção? Como os roteiristas podem desejar que torçamos pelo reencontro do casal quando, na realidade, a moça parece se importar mais com sua 'humilhação pública' do que com a vida do próprio noivo? Particularmente, acredito que Ethne queira simplesmente ser uma sofrida 'viúva da guerra', desfrutando a condição de noiva torturada pela ausência do amado, com quem trocaria tristes cartas de amor – ou seja: é seu papel na sociedade que importa, e não seu relacionamento. A postura da garota, aliás, reflete a covardia do próprio filme, que não parece saber em que acreditar: quem é forte e quem é fraco? O soldado que se recusa a matar inocentes por um Império cruel ou aquele que aproveita o anonimato proporcionado pelo uniforme para externar sua natureza violenta?
O impressionante é que esta nova versão de As Quatro Plumas (a sétima, acreditem ou não) foi dirigida por Shekhar Kapur, um indiano – e que, portanto, deveria ter uma visão mais clara do que foi o Império britânico. Porém, o cineasta prefere ignorar o simples fato de que, na principal batalha vista em seu filme, o exército britânico desempenha o lamentável papel de invasor, e não de vítima indefesa. Assim, quando mostra os 'heróis' se defendendo de um ataque maciço dos guerreiros muçulmanos (numa belíssima tomada aérea, diga-se de passagem), Kapur espera que o espectador se angustie pelo destino dos ingleses, quando, na realidade, quem merece nossa 'torcida' são seus inimigos.
Por outro lado, sou obrigado a admitir que as motivações de Harry (e sua auto-piedade), mesmo que equivocadas, poderiam funcionar perfeitamente como recurso narrativo (algo que acontece na versão de 1939, dirigida por Zoltan Korda). Infelizmente, até neste aspecto esta refilmagem acaba falhando, já que não consegue sequer transformar o protagonista em uma figura trágica. Aliás, o único personagem que merece nossa admiração em As Quatro Plumas é Abou Fatma, interpretado por Djimon Hounsou – e, mesmo assim, somente se ignorarmos o fato óbvio de que o roteiro não se preocupa em explicar os motivos que o levam a se tornar tão leal a Harry.
Apesar dos esplêndidos figurinos e da impressionante fotografia de Robert Richardson (que realça com talento a assustadora vastidão do deserto), As Quatro Plumas é apenas um dramalhão que, além de moralmente confuso, torna-se incrivelmente cansativo e arrastado em sua hora final. Portanto, caso você sinta necessidade de sair da sala antes do término da projeção, não se preocupe: ninguém lhe enviará penas simbolizando covardia.
17 de Junho de 2003
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Bem abordado - paulo henrique da silva - 17/6/2003 - Respostas:0
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