segunda-feira, 29 de outubro de 2007

"brilhante kubrick"

gostei tanto, principalmente desta segunda vista de ontem, que tenho entrado direto em
busca de críticas e notícias sobre.
LITLLE john: obrigado pelo comentário. é de 80, como vês. eu citei por ter consultado o
guia de vídeos nova cultural 1996, um dos mais fracos, mas foi o único que encontrei nos
sebos da a.l. e deu um trabalho da porra. todos que gostamos devemos ter um deles ao lado
prá uma consulta mais rápida. só não gostei do seu julgamento de "arrastado", usado - por
exemplo - pelo lula, um apressado e estressado espectador(não gosto de usar cinéfilo, pela
má fama que carrega). não existe filme arrastado, nem monótomo, existe o tamanho do
amor, maior ou menor.
descobri hoje também que o iluminado do título - ao menos no meu dicionário - não é bem como
o chefe negro define o menino, na conversa do sorvete: sensitivo, que vê, e sim:"brilhante, ilustre, notável". sois bom em inglês,jão, entre aí.
das que li, a melhor ou que mais gostei foi essa aí, dum cara que nunca ouvi falar. assino em-
baixo. é simples, não inventa, não fresca. eu vi assim também: é bom, é
grande porque o s.k. optou pelo terror psicológico. e que se foda o s. king.
gostaria da opinião dos outros manos.

chico.





crítica ::.
O Iluminado
(Shining, The, 1980)
Por Rodrigo Cunha05/05/2005
Uma obra-prima do horror moderno, na melhor adaptação de uma história de terror do renomado escritor Stephen King.
Stanley Kubrick, certa vez, disse que adorava adaptar livros medíocres, porque sempre resultavam em bons filmes. Essa foi, provavelmente, uma indireta bastante direta para Stephen King e seus fãs, que bateram o pé e até hoje se contorcem para sua adaptação de O Iluminado, que alguns dizem ser o livro mais assustador de King. Muitos consideram este o trabalho mais fraco do diretor. Opinião que, obviamente, já devem ter percebido que não compartilho. Acho este filme, do início ao fim, uma obra-prima do horror, e não é difícil entender o porquê.
É fato que as histórias de King funcionam nos livros, pois instigam nossa imaginação, mas na tela tudo fica mais trash. Ao invés de dar medo, acabamos rindo, por mais bem feitos que sejam seus monstros. Não é de se espantar que os melhores filmes baseados em suas obras, além deste, sejam Um Sonho de Liberdade e À Espera de um Milagre - justamente dramas, que não utilizam do artifício "monstros de borracha somados à efeitos especiais" para funcionar. E é justamente esse o ponto crucial para o filme de Kubrick ser tão bom, e, ao mesmo tempo, tão odiado pelos adoradores da obra de origem.
Ele retirou todos os monstros e tudo mais que têm no livro e manteve apenas o climão e as atitudes de Jack. Com isso, tudo ficou mais sugestivo, misterioso. Apenas alguns monstrinhos, no final do filme, servem de aperitivo aos fãs e dizer, para nós, que estamos assistindo o filme, que existia algo muito mais macabro do que poderíamos imaginar. Kubrick preferiu se concentrar na degradação dos personagens no sentido psicológico pelo ambiente, e não totalmente pela sobrenaturalidade. Esse ponto é importante, porque para os personagens, Jack apenas enlouqueceu devido a solidão, mas para nós, que estamos assistindo, sabemos melhor tudo o que está acontecendo.
No filme, conhecemos a história de Jack Torrance (Jack Nicholson), que aceita o trabalho de zelador de um imenso hotel durante a baixa temporada do local - um inverno bastante denso e torturoso. Durante esse período, ele tenta escrever o seu livro, mas um passado sombrio do hotel começa a aterrorizar a família e afetar diretamente a sanidade mental de Jack. Sua mulher se torna passiva a tudo o que está acontecendo, enquanto seu filho tem poderes paranormais de comunicação com as forças ocultas do lugar.
Um dos melhores aspectos do filme é sua parte técnica. Tudo contribui para reforçar o clima de solidão do local - algo extremamente necessário, uma vez que a transição do Jack pai exemplar para o psicopata tinha de ser convincente (uma das grandes críticas ao filme é justamente que ela foi rápida demais). Os cenários, amplos e espaçosos, construídos todos em locação, utilizando apenas a fachada de um grande hotel para as externas, reforçam a teoria da solidão e do isolamento.
A arte é grandiosa... E vazia. As salas são grandes, com muito espaço, o que deixa o local altamente pertubador quando vazio. Some isso ao pesado clima do local, construído minuciosamente por Kubrick, e já dá para perceber o quão aterrorizante será a experiência. A fotografia é realista e não deixa que a diferença entre estúdio e locação sobressaia, além de um excepcional uso do inovador Steady Cam*, principalmente na cena do labirinto. (*um equipamento que evita a trepidação da câmera, enquanto corremos com ela em mãos)
O Iluminado não é um filme explícito de sustos. É construído para nos deixar mal, com medo de uma pessoa que, teoricamente, nos ama e só quer o nosso bem. Algumas seqüências são de gelar a espinha, como a aparição das gêmeas no corredor, ou então o elevador que derrama uma enorme quantidade de sangue. O melhor é que, assim como diversos outros filmes de Kubrick, nada é mastigado demais na história. Sempre há uma brecha para a interpretação, para que cheguemos a uma conclusão por conta própria, sem necessidade de que o filme diga para nós sua intenção.
A cena mais marcante é quando Jack coloca seu rosto por entre uma abertura feita na porta com machadadas e diz a imortal frase "Here's Johnny!". Jack Nicholson, um dos maiores atores de todos os tempos, improvisou tal fala, e fez um trabalho absolutamente brilhante em cena. Sua preparação sempre especial lhe concedeu alguns momentos únicos, como a seqüência do bar. Já Shelley Duvall, só faltou a coitada ser agredida por Kubrick, tamanho o número de broncas que levou do diretor, mas pelo menos o resultado final conseguiu ser convincente. Em determinada cena, ela chegou a filmar mais de 100 takes para que Kubrick conseguisse o que queria. Não descarto a possibilidade de algumas pessoas torcerem para que Jack consiga matar a esposa, de tão chata que ela é.
Fiel ou não ao livro, Kubrick construiu um filme extremamente cativante, que consegue mexer com nossos medos interiores - e ainda muito melhor que a refilmagem de 1997, que se dizia a versão definitiva e fiel à obra de origem. O Iluminado é uma obra-prima do horror, que não necessita apelar para sustos fáceis para assustar, como a grande maioria dos títulos faz. Seja no drama, na guerra ou na ficção, esta é apenas mais uma prova da versatilidade do gênio por trás das câmeras. Um grande presente para aqueles que gostam de ser atormentados por uma história verdadeiramente macabra.
Por Rodrigo Cunha05/05/2005

2 comentários:

CHICAO disse...

excuse-me: johnny(pode ser outro
qualquer): qual a melhor tradução
para o grito "here's johnny" do
jack torrance nicholson, ao arrombar a porta do quarto?
do caralho.
chico.

Johnny disse...

"Johnny está aqui"