domingo, 27 de janeiro de 2008

"ilha deserta -filmes"

trailer:
como aperitivo, transcreverei a abertura e o fechamento da crítica de agnaldo farias("nunca vi falar") sobre sua tara,
"rastros de ódio":
"fixa no interior da casa e apontada para a porta que dá para a vastidão da pradaria, a primeira tomada, ao
mesmo passo que estabelece o confronto do homem com o território, impõem-nos a expectativa causada pela chegada de um
estranho. mas não, trata-se de ethan edwards(john wayne), veterano confederado retornando para visitar o irmão que vive no
texas junto com a mulher e os filhos. o júbilo familiar pela chegada iminente do membro pródigo é o pretexto para que john ford
prossiga na sua magistral economia de meios ao contar uma história. basta uma única tomada - a cunhada de ethan abrindo um
baú para acariciar um antigo uniforme do cunhado - para que saibamos de um amor proibido, para que o cowboy se transforme numa
versão atualizada de sir lancelot, o cavaleiro cuja errância se devia ao seu amor impossível pela rainha guinevere. a relação com a
narrativa mítica não deve ser menosprezada. se o faroeste cuidou em fundar a orígem combativa do povonorte-americano na luta
contra as nações indígenas para a conquista do território, john ford, discípulo de griffith, é seu sumo sacerdote.
final: "o momento culminante do filme, já se adivinha, é quando ethan, o homem branco montado em seu cavalo(1), alheio aos
gritos de martin, persegue para matar uma debbie indefesa e a pé. a descida do cavalo, a interrupção do ato, o florescimento
súbito da dúvida que se transforma no teste final: a brincadeira que ele fazia com ela menina, de levantá-la pela cintura, sabore-
ando seu medo expresso nos braços firmemente cruzados. suspensa, a mulher apavorada deixa transparecer no mesmo gesto re-
petido a presença da criança. a frase de ethan - "vamos para casa, debbie" - enquanto a carrega no colo, fez gerações se emo-
cionarem, a começar por jen-luc godard, que afirmou nunca conseguir conter o choro. o filme acaba como começa: a câmara
fixa no interior da casa, apontada para a porta por onde todos entram, menos ethan, que bate o chapéu contra o corpo e volta-se
, rumando novamente para a pradaria"

gostou? um filme é bom, agora um bom texto sobre um bom filme num tem pareia como diz lá em alagoas.
e voce, véi, puta-qui-pariu, ladrão... enxerga mais do que eu.

(1) - já acho uma das cenas mais bonitas do cinema, pela brutalidade, quando ele dá uma porrada no martin com o cantil, o
cavalo empina e ele avança naquelas areias escaldantes para matar a sobrinha. do caralho. ao ponto de estar querendo
rever. quando devolver os 5 que voce me emprestou(só vi diligencia e sinos até agora, comentarei na devolução) voce me
empresta?
um abraço.
chico.

Um comentário:

Anônimo disse...

Já vi "RASTROS" há tempos. É muito bom, apesar de não ser muito fã do WAYNNE.