quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

"listas -volume dois"

Ligeira predominância do cinema europeu (7 x 5) sobre o americano. Chaplin, no esplendor de sua influência artística. Forte ressonância do impacto de obras recentes (3). Pelo menos uma delas, Louisiana story, agora totalmente esquecida. A lista é visivelmente conservadora, mas a imensa maioria das obras selecionadas ainda hoje tem méritos reconhecidos entre os cinéfilos mais exigentes.
A segunda lista, divulgada em 1962, ficou assim:
1 - Cidadão Kane (Citizen Kane), de Orson Welles. EUA-41;2 - A aventura (L´avventura), de Michelangelo Antonioni. Itália-59;3 – A regra do jogo;4 – Ouro e maldição;5 – Contos da lua vaga (Ugetsu monogatari), de Mizoguchi. Japão-53;6 – O encouraçado Potemkin;7 – Ladrões de bicicleta;7 – Ivã, o terrível (Ivan Groznyi), de Eisenstein. URSS-44;8 – La terra trema – episódio del mare, de Luchino Visconti. Itália-47;9 – L´Atalante, de Jean Vigo. França-34.
Cidadão Kane, omitido da lista anterior, entrou logo em primeiro lugar e desde então é uma das raras unanimidades cinematográficas como obra-prima. Apenas dois dos filmes estreantes no rol foram produzidos após a confecção da primeira relação, o que pode sugerir uma certa instabilidade nos critérios seletivos, para dizer o mínimo. Somente quatro conseguiram a proeza de figurar nas duas listas. Um olhar retrospectivo permite avaliar que a indicação de A aventura foi precipitada, visivelmente influenciada pela densidade cultural do diretor Antonioni à época. A predileção pelo cinema europeu ganhou bastante visibilidade (7 x 2). O cinema de Carlitos sai da evidência entre os 10 mais, para nunca mais retornar.
Em 1972 foi publicada a terceira lista:
1 – Cidadão Kane;2 – A regra do jogo;3 – O encouraçado Potemkin;4 – Fellini Oito e meio (8 ½ - Otto e mezzo), de Federico Fellini. Itália-63;5 – A aventura;5 – Quando duas mulheres pecam (Persona), de Ingmar Bergman. Suécia-66;7 – O martírio de Joana D´Arc;8 – A general (The general), de Buster Keaton. EUA-26;8 – Soberba (The magnificent Ambersons), de O.Welles. EUA-42;10- Contos da lua vaga;10- Morangos silvestres (Smultronstället), de Ingmar Bergman. Suécia-57.
Permanecem cinco filmes da lista de 62 e estréiam cinco, três dos quais poderiam ter figurado em seleção anterior, o que reforça a sugestão de que os critérios de escolha são maleáveis e de que o reconhecimento tardio de obras-primas é quase uma regra fixa. O martírio de Joana D´Arc retorna, depois de omitido em 62. Forma-se um trio granítico: Cidadão Kane, A regra do jogo e O encouraçado Potemkin consolidam-se como clássicos indiscutíveis, praticamente unânimes. Aparentemente, A general foi descoberto tardiamente pela crítica. Bergman apresenta-se no auge da criatividade e do poder de convencimento, emplacando duas obras. O prestígio de Welles arrasta Soberba para a relação. O predomínio do cinema europeu permanece esmagador (7 x 3).

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