quarta-feira, 14 de novembro de 2007

"a montanha dos sete abutres"

billy wilder é austríaco, como fred zinemann, que também está entre os grandes com
pelo menos treis pérolas("matar ou morrer", "a um passo da eternidade" e "dia do chacal").
o trio de ouro de wilder é formado por "crepúsculo dos deuses"(melhor retrato, análise, dis-
secação da fama, seja a de hollywood, seu cenário ou outra qualquer desta vida; este e "se
meu apartamento falasse", para uns, ou "quanto mais quente melhor", para outros.
porque(esta pergunta não é só minha, é de muitos) tantos atores fazem/fizeram sempre o mesmo papel, como john wayne, marlon brando, lima duarte, clint eastwood, marcello mas-
troianni, alain delon e outros menos votados? arrisco: é que em certo ponto da carreira e aí,
na sua grande maioria, no início, alguém descobriu(ou ele mesmo, ou o diretor, ou o produtor,
ou o estúdio, a industria, enfim) que eles faziam ou fizeram tão bem aquele tipo, que não pre-
cisavam mudar, passaram a escrever roteiros para eles, moldados naquele ápice. com wayne,
claro que foi john ford já "no tempo das diligências"; brando desde a broadway de "um bonde
chamado desejo", em seu primeiro filme "espíritos indômitos", "uma rua chamada pecado" ou
até "sindicato dos ladrões"; não passa daí, só mudou a cara no "godfather", por conta da boca
cheia de algodão; o liminha de zeca diabo; o clint e sua cara de gêlo que não derreteu nem nos desertos de leone. e por aí vai.
não é o caso de douglas, filho de imigrantes judeus russos, nascido em amsterdan(nova york),
a vida lhe deu muita força e intensidade, mostradas em todo filme seu e que apesar da cara de
mau e careta consequente, passou a emoção como ninguém, que é o que vale numa interpreta-
ção. às vezes exagerado, quando domado por mestres como kubrick, que o escolheu para dois
de seus maiores clássicos: "glória feita de sangue" e "spartacus" ou wilder, neste caso, alterna
sua força com cinismo e até ternura(por leo, o soterrado). e a academia deu um oscar pro michael e nunca deu prá ele, né foda? bando de velhos gagás, eternamente atrás do herói ame-
ricano(james stewart, kevin costner, tom hanks), bom moço, boa índole, honrado.
douglas nunca foi nada disso. ele é sim um super-herói. como é que voce chega numa cidade-
zinha no cu do mundo, na redação do único jornal, com aquela arrogância, conseguindo emprego
com salário acima do pedido e depois de onze demissões? manipula e domina todos, inclusive e
principalmente a lei, o xerife? faz a cabeça do menino recém formado em jornalismo. usa o coi-
tado do léo. e sua mulher, com garrafais quatro letras na testa: puta? se bem que aí tem um porém, leozinho sabia, tirou-a dum puteiro. é aquela velha questão: todo mundo quer ir pro
céu, agora morrer "qué" bom, ninguém quer. todavia 2: ela se insinua pro tatun e ele? rechaça
com dois tabefes, um em cada face. depois "cumeu", claro. ninguém é tão forte assim, mesmo
sendo-se amoral. wilder é um dos roteiristas, desconfio que ele deve ter visto "o invencível"(clássico de 49 sobre box, fama, ostracismo,) e criou o tatun pro kirk.
imprensa marron, sensacionalismo, manipulação do fato/notícia? é, é sim, é isso aí, mas a hu-
manidade tá lá(literalmente), trezentas mil pessoas e tudo que carregam, os tais sete pecados
capitais. afinal, acho que não por acaso o nome do monte que soterra leo é a tal, com sua
maldição da montanha dos sete abutres.
zé, meu grande jornalista, voce vai vibrar. todos devem ver.
chico.

2 comentários:

Anônimo disse...

Já vi. Muito bom. Tava esperando mais alguns anos pra assistir novamente. No curso, assisti umas oito vezes, parando e procurando umas frescuras de metáfora e metonímia. Escrevendo. Vendo. Parando, voltando. Encheu. Faz uns 16 anos.
Mas é muito bom. Dá pra assistir de novo.
Não é a imprensa sensacionalista que está lá. É a imprensa.

chic� disse...

boa. esse é o meu, o nosso zé.
chico.