estréia próxima sexta. gostei de crash. voces que ainda vão a cinema: quem ver, me conte.
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aqui atrás, no 65, "estrela solitária", com sam sheppard. conhecem?
chico.
Edição 471
Era uma vez na América
por Ana Paula Sousa, Alessandro Giannini, Ana Luísa Vieira, Rosane Pavam, Antonio Luiz M. C. Costa e Pedro Alexandre Sanches
No Vale das Sombras mostra o abalo moral dos EUA
Susan Sarandon e Tommy Lee Jones estão no elenco político de Paul Haggis
A sombra da guerra do Iraque tem dado novos contornos às imagens produzidas por Hollywood. A era Bush parece deixar envergonhados, abatidos até, os norte-americanos pensantes. É exemplar desse estado moral o filme No Vale das Sombras, que pode ser visto em pré-estréias em várias cidades do Brasil e entra oficialmente no circuito na sexta-feira 30. O diretor Paul Haggis, vencedor do Oscar com Crash e roteirista de Clint Eastwood em Cartas de Iwo Jima e A Conquista da Honra, adere a um discurso enfaticamente antibélico.
A ele juntaram-se três atores dos mais politizados do país: Tommy Lee Jones, colega de quarto de Al Gore em Harvard, Charlize Theron, sempre engajada em filmes de temas contundentes, como Monster e Terra Fria, e Susan Sarandon, famosa pelas posturas liberais.
A partir de um roteiro esquemático, que obedece às regras do gênero “drama criminal”, Haggis procura desconstruir os mitos da formação norte-americana. É como se ele refizesse, pela mão oposta, o caminho dos westerns de John Ford. Não por acaso, o personagem de Tommy Lee Jones guarda algo do John Wayne de Rastros de Ódio, com seu olhar entre o doce e o severo.
O Hank Deerfield de Jones é um militar aposentado que crê, profundamente, nos valores patrióticos, na lei e na ordem. Tal ideologia começa a ser posta em xeque quando seu filho, um jovem soldado, é dado como desertor logo após a volta do Iraque. Hank vai buscá-lo e descobre que fora morto em condições atrozes, em solo americano.
Nesse caminho, acompanhado pela policial vivida por Charlize, ele vê desfazer-se a imagem que tinha do filho e, também, do próprio país. Curiosamente, lugares-comuns, como o preconceito contra o latino que se revela inocente ou o afeto despertado por uma criança, mostram a dificuldade que os próprios cineastas têm de escapar do imaginário americano.
Mas Haggis, sem dúvida, dá um passo além e desvencilha-se do esquema de Crash, que reunia tipos destinados a defender uma tese. No Vale das Sombras é mais verdadeiro e menos difuso. O filme diz, de maneira direta, que a guerra (mostrada apenas em caóticas imagens feitas pelo celular) põe a dignidade humana abaixo e que a nação ainda sofre as conseqüências da insanidade de Bush. São os Estados Unidos pedindo desculpas e socorro sem saber exatamente por quê. Nem como.
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